segunda-feira, 21 de novembro de 2011

O Jogo

Através do quadrado da janela 
vejo meninos de pés descalços.
Correndo no chão vermelho da terra.
São meninos de sonhos, 
brincando de serem campeões...
Narrando estórias, narrando vida, 
narrando o jogo.
O campo não tem linhas, 
as traves não são de metal...
Os times de dois jogadores, 
sem uniformes para jogar.
A torcida grita muda a cada gol, 
são muros e pardais.
A hora sem limites no tempo, 
são segundos a passar.
São meninos jogando bola, 
são meninos brincando de sonhar.



Ana Paula Quitério

sexta-feira, 12 de agosto de 2011

O que conter...

 
Eu vivo no meu mundinho,
que é meu e de mais ninguém.
Desenho minhas interrogações,
escrevo minhas linhas.
Ninguém é completamente passageiro,
sempre ficam como fotografias guardadas em um velho baú.
Tem dias de céu nublado, dias de chuva,
e tem seus dias de sol.
Não há como prever e nem como saber que cor o dia terá amanhã...
Não há como saber se é dia ou noite...
Há estrelas que aparecem pela manha e de noite se refugiam...
Então para não se perder de contramão,
não procure entender de olhos ou interrogatórios...
Desfolha-me como um livro!
Mas não procure por um final feliz... Porque simplesmente não tenho fim.






Ana Paula Quitério























sábado, 5 de março de 2011

Não se importar...


O melhor de não sei importar é ir para a pista de dança vazia, dançar, se divertir, e quando olha de repente a pista ficou apertada...
É fazer vaquinha para comprar um salgado para um cãozinho com fome, e não ter vergonha de fazer o bem... E depois notar que outros também não se importaram e copiaram a sua atitude...
É conversar com animais na rua e alimentá-los sem notar os olhos passantes... Você está sendo você e está sendo feliz...
O melhor de não se importar, é mudar o penteado, as roupas, vestir o que te faz se sentir bem... E o mais engraçado é ver que tem pessoas copiando seu estilo... Pô! Ria... Você está famoso...
É dançar sozinho sem música... Aproveitar a música que está ali na mente... E rir de si próprio... Se você está feliz, que mal tem comemorar?
Não se importar em tomar um banho de chuva e ver todos que estão se protegendo estão te olhando... Afinal, a gripe vai ser toda sua... Mas aproveitou o momento...
É ser feliz não se importando muito com o amanhã... Afinal... O mundo pode ter acabado quando você acordar...
È cantar desafinado e se achar um tenor... Não importa se digam que você é um terror... Você está sendo você mesmo...
É se achar um dançarino nato, enquanto apenas não passa da dança do quadrado...
Não se importar com o que digam de sua religião... Você acredita em algo superior e isso te faz bem...
Não se importar com a cara de espanto quando você está comendo iogurte com fandangos... Nunca te fez mal antes, além do mais, você ama essa mistura...

Não se importar é:
*Fazer o que quiser quando isso te faz bem...
*Rir sozinho quando tem vontade...
*É ser você mesmo a todo o momento... Afinal... Podem tentar imitar, mas não há ninguém igual a você, somos seres únicos e exclusivos... E isso sim é tudo o que importa!

Ana Paula Quitério

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

O menino azul

O menino quer um burrinho
para passear.
Um burrinho manso,
que não corra nem pule,
mas que saiba conversar.

O menino quer um burrinho
que saiba dizer
o nome dos rios,
das montanhas, das flores,
— de tudo o que aparecer.

O menino quer um burrinho
que saiba inventar histórias bonitas
com pessoas e bichos
e com barquinhos no mar.

E os dois sairão pelo mundo
que é como um jardim
apenas mais largo
e talvez mais comprido
e que não tenha fim.
(Quem souber de um burrinho desses,
pode escrever
para a Ruas das Casas,
Número das Portas,
ao Menino Azul que não sabe ler.)
 
(Cecília Meireles)