quarta-feira, 26 de novembro de 2008
A DANÇA DA PSIQUE
A dança dos encéfalos acesos
Começa. A carne é fogo. A alma arde. A espaços
As cabeças, as mãos, os pés e os braços
Tombam, cedendo à ação de ignotos pesos!
E então que a vaga dos instintos presos
- Mãe de esterilidades e cansaços -
Atira os pensamentos mais devassos
Contra os ossos cranianos indefesos
Subitamente a cerebral coréia
Pára. O cosmos sintético da Idéia
Surge. Emoções extraordinárias sinto
Arranco do meu crânio as nebulosas
E acho um feixe de forças prodigiosas
Sustentando dois monstros: a alma e o instinto!
Augusto dos Anjos
quinta-feira, 20 de novembro de 2008
A promessa
Ao olhar te nos olhos
Farei minha promessa!
Seguirei te pelo vale das trevas,
Então segurarei tuas mãos quando o medo vir
E mesmo quando for escuridão,
Caminharei contigo...
Prometo nunca fazer te chorar
E se um dia eu o fizer... Perdoa-me!
Não sou perfeita!
E quando me chamar pelo nome
Irei correndo ao teu encontro...
Então me chama!
E quando tudo for solidão
Grite, grite bem alto, que daqui ouvirei tua voz,
E responderei: não estás só!
Quando disserem lhe que não vales nada
Feche os olhos e ouça a vozinha que diz:
- Você é o tesouro mais raro!
Quando tudo parecer perdido,
E o mundo desabar...
Olhe para o lado, e lá estarei para ajudar a reconstruí-lo!
Nas batalhas contra os inimigos
Serei o soldadinho raso para defender-te!
Estarei na linha do fronte contigo!
E se fores ferido,
Então ajudarei a limpar tuas feridas...
Não prometo cicatriza-las, mas pelo menos amenizá-las...
Nas noites perturbadoras, onde o desespero e o medo tomarem conta de ti,
Chegarei de mansinho, tocarei de leve teu rosto,
Enxugarei tuas lágrimas...
E ali ficaremos sentados,
Apenas olhando para teto.
Não precisa dizer me nada... Teu silêncio já me diz...
Prometo não me separar de ti!
Mesmo que o tempo ainda não nos ajude
Ou mesmo tente nos afastar,
Teu nome estará escrito em minha vida,
E aonde quer que eu vá
Levarei você em meu pensamento!
E quando não conseguir mais caminhar,
Então estarei ao teu lado para ajudar-te a voar...
Essa é minha promessa de amizade eterna!
segunda-feira, 10 de novembro de 2008
Metamorfose
Eu tenho o cheiro da lua,
Tenho os traços das pinturas,
Tenho as múltiplas fases,
Sou metamorfose...
Se vedes meus olhos, me verás nua.
Saberás como sou...
Verás minha alma...
Não temo as malícias das palavras,
Nem o seu ardiloso veneno...
Não busco a eternidade...
Quero saborear a intensidade...
Se me vedes só. Busca me!
Tenho o dom das doces palavras,
E o tom fingidor das batalhas.
Tenho o meu eu que esconde pequena garota...
Sou água corrente todo dia...
Tenho na alma o feitio de menina,
No corpo a malícia feminina...
Meus lábios são o puro desejo do veneno,
Trazem a embriagues das paixões efêmeras,
E o sonho do doce amor...
Tenho o olhar da fera e da caça...
Sou presa! Sou predadora!
quinta-feira, 6 de novembro de 2008
Medo
A tempestade que agora cai
Apagou os rastros que um dia deixei
Já não há como voltar
Dê me a tua mão
Estou com medo de seguir sozinha
Não deixe me aqui...
Não deixe me cair...
Essa noite parece não acabar
E essa vontade que não passa
Prolongando minhas noites nesse tormento
O medo constante de perder
Os olhos já umedecidos
E essa dor
Essa dor que parece arrancar me o fôlego
Rasgando a pele
Dilacerando a carne
Vai passar! Vai passar!
Os lábios rachados mostram a ferida que não cicatrizou...
E essa vontade de lançar me ao precipício
De embriagar me do mais mortífero veneno
Mas vai passar, sei que vai...
É somente mais um dia
Um dia...