terça-feira, 30 de setembro de 2008

Retrato




Eu não tinha este rosto de hoje,
assim calmo, assim triste, assim magro,
nem estes olhos tão vazios,
nem o lábio amargo.

Eu não tinha estas mãos sem força,
tão paradas e frias e mortas;
eu não tinha este coração
que nem se mostra.

Eu não dei por esta mudança,
tão simples, tão certa, tão fácil:
— Em que espelho ficou perdida
a minha face?



[Cecília Meireles]

quinta-feira, 25 de setembro de 2008

Histórias sem final feliz



Parte I

Ei menina chorona, o que está a pensar?
Debaixo da árvore de Ipê cavou um buraco...
O que vai enterrar?
Uma caixa de recordações
Um coração que já não bate mais no peito
As lágrimas que já não caem mais
Um gesto de alguém sem jeito
De quem um dia amou demais!


Parte II

De vitrines enfeitadas sua vida parece estar.
Menina dos olhos claros, um mundo neles parece passar...
Distante da Terra, em que universo está?
Expectadora de vidas utópicas
Pequena ilusionista a quem pretende enganar?
Cordial som de tua voz no leve sussurrar
De uma canção sem rimas...
Ah pequenina!
Esqueceram de lhe contar
Ces’t fine

sexta-feira, 12 de setembro de 2008

REJEIÇÃO



Seu desprezo me consome
Não significo nada para você?
Meus sentimentos, minhas verdades, minhas palavras
São apenas pensamentos insanos, imorais,irracionais...

Seu olhar tão frio, e teu desprezo quando me vira as costas
Porque finge que está tudo bem?
Vejo em ti a vergonha em me ver assim...
A vergonha de mim...

Sou só mais uma garota mimada
Com problemas inventados
Apenas querendo chamar a atenção
Como a filha mal amada

Sou a amiga transfigurada
Em uma figura corrompida pelo tempo
Sou o próprio desalento

Sou a ovelha desgarrada
Que insiste por ser lembrada
A alma perdida sem motivos...
Não me ignore! Não me condene...

Tuas palavras me envenenam a alma, me matam
E já não posso negar que não tive culpa
Mas que culpa é essa que ainda não entendi?
Talvez essa culpa tenha nascido no mesmo dia em que nasci...

Ah! Se soubesse o quanto imploro por um gesto de carinho teu...
Se soubesse quantas vezes pensei na morte quando meu mundo desabou,
Quantas vezes ela passou tão perto de mim e você nem notou,
Quando só desejava um abraço seu...

Ainda hoje não encontrei meu lugar
Não faço parte de tua vida
Não faço parte de vida alguma
Eu não pedi pela vida...

Eu sei! Não é certo lhe implorar para me amar...
Mas será tão errado assim eu sonhar?

Tantas noites chorei, e ninguém me ouviu
Nos tormentos, nos medos, nas dores
Onde estava quando mais precisei de ti?

Não notou as noites que chorei contigo?
As noites que chorei por ti?
Não me notas nem quando eu estou aqui...
Nem notas essas lágrimas nesse rosto desbotado...

Se um dia eu sumir, não pense que foi por ingratidão!
Foi por apenas não suportar mais toda essa rejeição...





Realmente não estou bem...
E esse sentimento esta insuportável... Essa tristeza e essa dor parece que não vão passar...
O que escrevi, talvez expresse um pouco o que sinto... Talvez demonstre a dor que sinto por todos e ao mesmo tempo por mim mesma... =(

Não Mais


Eu não sou dona de mim,
Nem sou escrava ti.
Por tempos fechei meus olhos.
Acorrentada a ti eu fui,
E pensei ser você parte de mim.

Deixei que o teu véu negro cobrisse minhas noites,
Atormentada pela loucura, insanidade, devaneios,
Teus grilhões me prendiam,
O medo, a angustia, a dor...
E por vezes pensei não existir mais nada além dessa escuridão...

Tuas correntes não me prendem mais,
Agora são frágeis nós,
E mesmo que tente novamente me aprisionar,
Em tuas palavras venenosas, ardilosas,
Não mais acreditarei.

Como um sol que invade um quarto escuro
Um arcanjo de luz a mim tocou
Abriu a janela de mim’alma,
E desse pesadelo profundo me despertou...

Desta torre onde me fez refém,
Darei meu grito a liberdade
Você não faz parte de mim!
Não sou tua escrava, nem tua serva!

Não sei todas as respostas,
Mas quais eram as perguntas?
Seguirei o caminho embriagado de luz,
Esse tempo ainda não corrompido,
Teus horizontes destemidos.

Entregar-me-ei à vida,
Somente este coração me guiará
E feliz o dia em que lhe disse:
- Não mais!

quarta-feira, 10 de setembro de 2008

Lua adversa




Tenho fases, como a lua
Fases de andar escondida,
Fases de vir para a rua...
Perdição da minha vida!
Perdição da vida minha!
Tenho fases de ser tua,
tenho outras de ser sozinha

Fases que vão e que vêm,
no secreto calendário
que um astrólogo arbitrário
inventou para meu uso.

E roda a melancolia
seu interminável fuso!
Não me encontro com ninguém
(tenho fases, como a lua...)
No dia de alguém ser meu
não é dia de eu ser sua...
E, quando chega esse dia,
o outro desapareceu...

Cecília Meireles


O poema mais completo que encontrei para descrever me...

segunda-feira, 8 de setembro de 2008

A Raposa e o Lenhador




Existiu um Lenhador que acordava ás 6 da manhã e trabalhava o dia inteiro cortando lenha, e só parava tarde da noite.

Esse lenhador tinha um filho, lindo, de poucos meses e uma raposa, sua amiga, tratada como bicho de estimação e de sua total confiança.

Todos os dias o lenhador ia trabalhar e deixava a raposa cuidando de seu filho.

Todas as noites ao retornar do trabalho, a raposa ficava feliz com sua chegada.

Os vizinhos do Lenhador alertavam que a Raposa era um bicho, um animal selvagem; e portando, não era confiável.

Quando ela sentisse fome comeria a criança.

O Lenhador sempre retrucando com os vizinhos falava que isso era uma grande bobagem.

A raposa era sua amiga e jamais faria isso.

Os vizinhos insistiam:

- "Lenhador abra os olhos ! A Raposa vai comer seu filho."

- "Quando sentir fome, comerá seu filho ! "

Um dia o Lenhador muito exausto do trabalho e muito cansado desses comentários - ao chegar em casa viu a raposa sorrindo como sempre e sua boca totalmente ensanguentada ...

O Lenhador suou frio e sem pensar duas vezes acertou o machado na cabeça da raposa ...

Ao entrar no quarto desesperado, encontrou seu filho no berço dormindo tranquilamente e ao lado do berço uma cobra morta ...

O Lenhador enterrou o machado e a raposa juntos.

domingo, 7 de setembro de 2008

CAMÕES DE UM JEITO DIFERENTE





Vestibular da Universidade da Bahia cobrou dos candidatos a interpretação do seguinte trecho de poema de Camões:

"Amor é fogo que arde sem se ver,
é ferida que dói e não se sente,
é um contentamento descontente,
dor que desatina sem doer".

Uma vestibulanda de 16 anos deu a sua interpretação:

"Ah! Camões, se vivesses hoje em dia,
tomavas uns antipiréticos,
uns quantos analgésicos
e Prozac para a depressão.
Compravas um computador,
consultavas a internet
e descobririas que essas dores que sentias,
esses calores que te abrasavam,
essas mudanças de humor repentinas,
esses desatinos sem nexo,
não eram feridas de amor,
mas somente falta de sexo!"

Ganhou nota dez. Foi a primeira vez que, ao longo de mais de 500 anos, alguém desconfiou que o problema de Camões era falta de mulher...

Lita obrigada por ter me enviado essa mensagem...
Adorei a interpretação e postei aqui...